4 Originação
Versão 0.0.14 - 14/12/2025
Ir muito atrás no passado dos conceitos nos leva a tempos de rastros escassos, pois muitas palavras precedem os registros escritos, e as principais fontes que sobram são os mitos e a etimologia.
Etimologia 4.1 (Informação: palavras originárias) Nossa história do termo informação começa com os quatro palavras gregas que são traduzidos como fōrma em latim14:
τύπος (typos), por sua vez derivada de τύπτω (typto)15:
τύπτω (typto), significando “cutucar”, “atiçar”, “apunhalar”, com uma arma ou um pedaço de pau16. Viria do (proto-)indo-europeu (s)teup- (empurrar, bater)17.
τύπος (typos), significando algo como “assoprar”, “bater”; “emblema”/“estampa em relevo”/“selo”, “alto relevo”, “delineamento”, “forma”; “imagem”, “exemplo”, “tipo”, e seria uma construção pós-Homérica18.
μορφή (morfé), significanto “delineamento”/“superfície” (?), “forma”, “beleza”, “graça”. De etimologia incerta, provavelmente do (Proto-)Indo-Europeu. A palavra lituana mergà (garota) é apontada como uma das sugestões de relação, mas não há etimologia conhecida. Poderia ter uma raíz \(*merg^{wh}-\)19.
εἶδος (eidos), derivada de εἲδομαι (eidomai)20:
εἲδομαι (eidomai): “aparecer”, “parecer”, “assemelhar”, vinda do (Proto-)Indo-Europeu. Formalmente idêntica à sânscrita védas- (conhecimento, intuição), mas semanticamente não tão próxima. Poderia ter sido formada de εἶδος (eidos), e não o contrário.
εἶδος (eidos): “aparência”, “espécie”, “forma”. Corresponde a formas balto-eslávicas como a lituana véidas (face) ou do antigo eslavônico vidъ (aparência).
ἰδέα (idea), derivada de ἰδεῖν (idein)21:
ἰδεῖν (idein): “ver”, “conhecer”, vinda do (proto-)indo-europeu \(*ueid-\), “ver”, vinda do verbo ἰδεῖν (“ver”, “conhecer”). Pode ter relação com εἶδος (eidos).
ἰδέα (idea): “aparência”, “forma”, daí a terminologia filosófica de “idéia”, “protótipo”, “categoria”.
Todas essas palavras foram traduzidas como fōrma em latim, a mesma de onde vem a palavra “forma” usada hoje em dia em muitos idiomas. Na época dessa tradução do grego para o latim, fōrma se tornou uma espécie de “guarda-chuva” terminológico, recebendo diversos conceitos originários no pensamento grego clássico, especialmente platônicos e aristotélicos.
Fōrma também se tornou a base para as palavras latinas infōrmo e infōrmātio, usadas para traduzir outros conceitos filosóficos da Grécia clássica e mais ou menos relacionados a typos, morfé, eidos e idea, e originadoras da atual palavra informação.
References
Segundo Capurro (2022) págs. 47-48, typos (τύπος) viria de typto (τύπτω, “que significa “empujar, pinchar, golpear con un arma, un palo o algo semejante”“), e teria sentidos como impressão, marca, in-formação, tabula rasa.↩︎
Esta raíz é descrita em ADSOQIATION (2007) nas págs. 2961-2965.↩︎
Isto é, posterior ao século VII AEC.↩︎
Beekes (2010) págs. 969-970; também em Meyer (1901) pág. 405.↩︎