12 Esgotamento

Versão 0.1.0 - 20/12/2025

A informação explode, e as pessoas definham. Os cérebros estão sendo informados principalmente enquanto receptores, na exacerbação de uma formação intensa, febril e específica nas suas conexões nervosas.

Há uma ilusão de que humanos estão ficando mais e mais inteligentes conforme aumenta o contato e uma suposta “simbiose” entre seus sistemas nervosos e os “enervamentos” das “redes” informacionais.

Mas suas neuroplasticidades cada vez mais cansadas tendem a um modo de operação em alta frequência e de microdecisões rápidas, sem o tempo lento da elaboração, da memória, da crítica, enfim, da maturação das conexões nervosas.

O excesso de maleabilidade informacional pode produzir uma redução da neuroplasticidade. Muita informação, muita informabilidade: indivíduos à mercê de serem constantemente sujeitados à reforma, à reprogramação. A lavagem cerebral é um processo de amnésia e reprogramação via excesso de informação, como na fictícia Técnica Ludovico. Ou de anestesia para pessoas que, após dias extenuantes num mundo opressivo, buscam grandes doses de escapismo com entretenimento como uma “higiene mental” para esquecer dos problemas, desacelerar a mente e ajudar a dormir.

Em seu “Elogio da lentidão”112, o neurobiólogo Lamberto Maffei indica que a sociedade do consumo está assentada na exploração da plasticidade do cérebro113, e que hoje há uma tendência a um tipo de “cérebro globalizado”, mais automatizado e menos diverso, porém sintonizado e compatibilizado para a sobrecarga114.

References

Maffei, Lamberto. 2014a. Elogio da lentidão. Edições 70.
———. 2014b. Elogio della lentezza. Voci. Il Mulino.

  1. Maffei (2014b) e Maffei (2014a).↩︎

  2. Maffei (2014a) pág. 103.↩︎

  3. Maffei (2014a) pág. 94.↩︎