5 Formação

Versão 0.0.15 - 17/12/2025

Mas o que foi e o que é fōrma? Ou melhor: qual é a origem da fōrma, isto é, de onde vem essa palavra?

E como se deu o processo de tradução dos quatro termos gregos originários para fōrma?

5.1 Etimologização

Etimologia 5.1 (Possíveis origens da palavra Forma) A etimologia de fōrma é incerta e inconclusiva. Existem algumas sugestões, mas nenhuma delas é satisfatória. Levanto algumas dessas conjecturas a seguir:

  1. Fōrma poderia ter vindo da palavra sânscrita dhar-i-man – que por sua vez significaria uma balança, um par de escalas um peso, assim como forma, figura, representação/aparência –, ou de uma ancestral comum entre ambas22.

    Parece-me que a maior semelhança entre fōrma e dhariman, além do significado, seria a sílaba ma compartilhada por ambas palavras. Mas essa conexão com o sânscrito parece um tanto quanto forçada. Também parece haver uma quantidade menor de dicionários etimológicos recentes que elencam esta possibilidade.

  1. Fōrma poderia ter vindo da palavra grega μορφή (morfé) ou de um ancestral comum entre ambas, ou seja, desde partida estaria tanto semanticamente como etimologicamente conectada a uma das suas quatro palavras gregos originárias23.

    A origem a partir de morfé é inconclusiva. Talvez a relação de forma com morfé só tenha sido estabelecida por traduções (ou seja, forma seria uma palavra pré-existente e usada para traduzir morfé do grego para o latim.

    Grosso modo, a grande dificuldade aqui consiste em explicar como morfé muda para morfa, e daí para forma, ou algo assim. Fazendo um trocadilho, seria como dizer da dificuldade em que “morfé morfa para forma”.

    Talvez a conexão entre ambas tenha se dado apenas no momento da tradução de conceitos de textos gregos quando vertidos para o latim, mas isso talvez contrarie a teoria da língua Proto-Indo-Européia das ancestralidades comuns entre esses idiomas.

  1. Fōrma poderia estar relacionada à raíz reconstruída do proto-indo-europeu \(bher-^{3}\), com significados ao redor de bater, cortar, etc24.
  1. Fōrma poderia ter vindo da palavra latina para “forno” e é relacionada por antigos comentaristas ao calor, por exemplo aos rubores gerados pelo amor e pelo vislumbre da beleza das formas25 – e em muitos exemplos às formas femininas. Esta é considerada uma etimologia popular, detalhada na Seção 23.1.

5.2 Utilização

Para esboçar cronologicamente a utilização desta palavra, chequei inicialmente a estrutura de ocorrências/significados do verbete fōrma no “Thesaurus Linguae Latinae”, cujo resumo encontra-se na Seção 23.2.

Deste breve levantamento, temos que uma das primeiras ocorrências escritas seria de Naevius (270-201 AEC) para a peça Danae26:

Contemplo placide formam et faciem virginis [I quietly scan the maiden’s form and face]

Outra ocorrência antiga é atribuída a Cato (234-149 AEC), vide menção e tradução de Georgescu (2020) pág. 21327:

‘mundo nomen impositum est ab eo mundo, qui supra nos est: forma enim eius est <. . .> adsimilis illae’; eius inferiorem partem veluti consecratam dis Manibus clausam omni tempore nisi his diebus, qui supra scripti sunt … (FEST. p. 154)

‘the name of the ‘mundus’ was given from that mundus that is above us: because its form is similar to that one [from above]; its inferior part, just as it is consecrated to the Manes gods, is closed all the time, except for those days mentioned before.’

Mas para ser mais conclusivo seria necessário se debruçar detalhadamente no verbete e melhorar a cronologia do uso da palavra.

5.3 Conjecturação

Com base no breve levantamento anterior, cheguei às seguintes conjecturas sobre a origem da palavra latina fōrma:

  1. Conjectura sobre a origem da palavra latina fōrma relacionada à beleza.

  2. Conjectura sobre a origem palavra latina fōrma relacionada ao conceito de molde.

    Esta conjectura consiste em considerar o significado originário de fōrma como um molde, ou modelo, compatível com os quatro conceitos gregos da “Teoria das Formas” platônico-aristotélica – τύπος (typos), μορφή (morfé), εἶδος (eidos) e ἰδέα (idea).

    Um molde, modelo, ou uma fôrma podem ter sido os significados originários da palavra latina fōrma.

    Ou aquilo que é o resultado de uma modelagem, um recorte, um delineamento.

    Forma originalmente como algo vem moldado. Deformado seria o oposto.

  3. Conjectura sobre a origem da palavra latina fōrma relacionada ao um material colocado num molde e levado ao calor dos fornos.

    Esta é a conjectura mais figurativa, mitológica e de mais difícil sustentação, levando adiante a conjectura de fōrma como originalmente referindo a um molde.

    Embora seja descartada pelos estudos etimológicos recentes, esta é a conjectura mais instigante, pela conexão entre forma e termodinâmica.

    Talvez esta seja uma daquelas situações onde as atuais teorias etimológicas falhem, e novas precisem surgir considerando também o papel das dinâmicas mitológicas, históricas e filosóficas.

    A etimologia nos leva até um limite de origem. Nos resta algumas especulações conjecturais.

    Mesmo que esta conjectura seja considerada inválida do ponto de vista linguístico, podemos considerá-la como uma analogia para ajudar a compreender como os processos de formação eram explicados, sem desconsiderar inteiramente a “etimologia popular” neste caso. Apesar de não ser compatível com as teorias atuais, essa conjectura dos antigos tem muito a nos dizer sobre como forma era interpretada: beleza que gera e é gerada pelo calor.

    Ela é baseada numa “etimologia popular” feita pelo gramático romano Aelius Donatus, que pode ter confundido a origem de fōrma com a de formus (calor), numa difícil transição das vogais que não é um caminho atualmente aceito pelo consenso da área.

    Mas e se, por um momento, reconsiderássemos essa conjectura, de que forma tenha um significado originário em processos produtivos associados a fornos e forjas, onde um material era moldado – muitas vezes numa fôrma, ganhando um formato definitivo pela ação do calor. Essas tecnologias parecem mais antigas que a língua latina, e talvez tenham tomado de empréstimo a atividade fabril para explicações antropomorfizadas da formação das coisas.

    Donatus faz essa etimologia baseada no que os “antigos” diziam, e com isso talvez não esteja fazendo uma observação etimológica e sim mitológica.

    O entendimento de vários processos de “formação” talvez derivem do vislumbre da fôrma e do calor dando a aparência e o comportamento para os corpos.

    Apesar da relação precária, a proximidade de fôrma e forno aquece a mente e impede que a similaridade seja totalmente ignorada. Talvez, e aqui segue um grande talvez, a palavra fōrma em latim tenha primeiramente servido para nomear o objeto usado para coser/assar/cozinhar alimentos, tijolos etc, isto é, um objeto usado para criar, consolidar, solidificar, cristalizar etc outros objetos. O processo de cozimento/consolidação ocorre com ingredientes materiais colocados dentro da fôrma e em seguida sendo expostos ao calor.

    Um próximo passo seria, por analogia, reaproveitar o termo fōrma para indicar o desenho, aparência, contorno etc de diversos objetos/seres, mesmo aqueles que não foram produzidor num forno com uma fôrma.

    Daí, talvez tenha sido confortável para os tradutores latinos dos conceitos platônicos e aristotélicos supracitados reutilizarem uma palavra já disponível e compatível. Ou seja, na tradução dos vários conceitos platônicos e aristotélicos a palavra fōrma pode ser sido reaproveitada para esse significado compatível com a analogia existente do processo de coser/assar algo até obter um objeto “formado”.

    Quando vários termos platônicos e aristotélicos relacionados a processos criativos foram traduzidos, a palavra forma talvez fosse a de sentido mais próxima e imediata para o entendimento do que se queria explicar.

    Ora, por que fōrma e não outra palavra do latim como folium (folha de planta/pétala)?

    Outras palavras com conotações construtivas também poderiam ter sido selecionadas. Mas por quê fōrma, e não outra, como martulus (martelo), de modo semelhante como a palavra grega typos (τύπος) teria vindo de de typto (τύπτω)?

    Por esta minha conjectura, fōrma teria sido mais apropriada não só pelo caráter modelador de uma fôrma, como pelo processo produtivo que requer calor para a consolidação de um objeto a partir de um material colocado num molde.

    Este processo forneceria uma imagem adequada para a compreensão de outros processos formativos.

    O significado amplo da palavra forma poderia ter sido forjado desta maneira? “Forma” então teria sido moldada28 no calor29 da fornalha30, fogo31? “Forma”, e consequentemente “informação”, viria desse amálgama, dessa fusão, dessa fornalha? Mito da Forma, como um mito da chegada do fogo.

  1. Com base em todos esse breve e limitado levantamento etimológico e filológico até aqui, arrisco a levantar uma conjectura adicional sobre a originem da palavra forma.

    Viria do (proto-)indo-europeu indicando forma e beleza, inicialmente associada às formas femininas consideradas como belas e talvez pela raiz \(*merg^{wh}-\) que derivaria posteriormente em morfé.

    Talvez “forma” e “beleza” já neste momento estivessem ligadas à mitos, lendas e concepções sobre a origem da mulher – por exemplo, de que teria sido moldada por um demiurgo, cortada a partir de outro corpo e modelada até adquirir uma beleza sedutora.

    Forma e beleza vão paulatinamente sendo associadas, no uso corriqueiro e também nas concepções e traduções de conceitos filosóficos e religiosos.

    Chega ao ponto de que forma, já na época de Donatus, passa a ser associada também ao calor e aos fornos, a ponto dessa conexão ser retrospectivamente e anacronicamente interpretada como o processo de originação da palavra forma.

    Não esqueçamos de Pandora, que dentro da mitologia sexista grega seria a primeira mulher, forjada/construída/moldada a partir do trabalho do deus grego Hefesto para ser bela e sedutora mas trazendo males à humanidade. Citando os versos originais seguidos pela tradução32:

    ὣς ἔφατ᾽: ἐκ δ᾽ ἐγέλασσε πατὴρ ἀνδρῶν τε θεῶν τε. 60Ἥφαιστον δ᾽ ἐκέλευσε περικλυτὸν ὅττι τάχιστα [60] γαῖαν ὕδει φύρειν, ἐν δ᾽ ἀνθρώπου θέμεν αὐδὴν καὶ σθένος, ἀθανάτῃς δὲ θεῇς εἰς ὦπα ἐίσκειν παρθενικῆς καλὸν εἶδος ἐπήρατον: αὐτὰρ Ἀθήνην ἔργα διδασκῆσαι, πολυδαίδαλον ἱστὸν ὑφαίνειν:

    Disse assim e gargalhou o pai dos homens e dos deuses [Zeus]; ordenou então ao ínclito Hefesto muito velozmente [60] terra à água misturar e aí pôr humana voz e força, e assemelhar de rosto às deusas imortais esta bela e deleitável forma de virgem; e a Atena ensinar os trabalhos, o polidedáleo tecido tecer

    Hefesto é um deus artesão, da forjaria, da escultura, da metalurgia, da técnica, do fogo e dos vulcões. O processo de formação de Pandora é narrado como tendo ocorrido a partir da mistura de terra e água, o que implicitamente requer um trabalho escultural, possivelmente com o uso de um forno para pôr “força humana” (σθένος, “força”).

    Repare que Hesíodo não usa a palavra morfé (que viria de \(*mergh\), garota), mas sim eidos (“παρθενικῆς καλὸν εἶδος ἐπήρατον” [lovely maiden-shape?]), também no sentido de forma aparente.

    Talvez este não seja um problema se considerarmos que Hesíodo não é a fonte do mito, e sim um dos contadores/narradores. Quando escreveu, tais histórias já estariam sólidas na cultura, assim cono as palavras eidos, morfé etc. Além do quê, como poeta suas escolhas teriam sido de métrica e rima, e não de ascendência etimológica.

    A peça Danae, de Naevius, também tem um enredo compatível com esta conjectura, em que uma bela donzela traria consigo um perigo futuro, e por isso é aprisionada33.

    Naevius usa expressões muito parecidas às de Hesíodo para se referir à forma feminina e sedutora.

    Posteriormente toda essa carga mítica na palavra teria sido reduzida com o uso cotidiano, mas preservando a carga simbólica do ato de formar/moldar algo que seja eficaz e eficiente em seus desígnios. No caso de Pandora, seria a eficácia de Zeus em seduzir os homens com uma forma perfeita para esse propósito. A forma aparente de Pandora seria a da beleza perfeita, ideal. A noção de de forma talvez tenha ganho aí sua conotação de forma modelar, ideal, efetiva.

    Ou seja, tudo indica que a palavra forma não vem da palavra forno ou do calor, mas que desde muito cedo foi a estes associada, através de mitos sobre o surgimento de seres, pessoas e objetos, e em especial a um suposto advento da mulher, a quem fora atribuída beleza e ardilosidade.

    Ressaltemos que essa conjectura também é incerta e interpretativa.

    Incerta e frágil, porém potente.

    Forma poderia ter vindo, por analogia, da técnica.

    Ainda estou trabalhando nela. Não sei se ela vai parar em pé por muito tempo ou se precisará ser descartada. Ao menos ela nos dá uma noção de como o surgimento da palavra forma está envolta em mistérios que atiçam nossa imaginação.

    Ela coloca o conceito de forma ainda mais na centralidade do pensamento ocidental prevalente. Forma, beleza, técnica, calor e perigo.

5.4 Formatação

Mesmo com todas essas conjecturas, ainda não sabemos dizer muito bem de onde vem essa palavra.

O que podemos afirmar é que desde cedo que ela é fundamental no latim para explicar diversos conceitos e fenômenos, e tudo indica que forma já era uma palavra pré-existente no momento em que quatro termos usados em textos platônico-aristotélicos foram para ela traduzidos a partir do grego.

Ou seja, forma não foi uma palavra criada pelos tradutores de textos: ela já existia no latim enquanto uma palavra usual (tendo ou não sido derivada do grego).

Foi através da palavra existente forma que é traduzida essa série de conceitos platônicos e aristotélicos originalmente expressos por τύπος (typos), μορφή (morfé), εἶδος (eidos) e ἰδέα (idea), e que formam base para outros conceitos traduzidos como informação.

Importante aqui diferenciarmos as palavras dos conceitos34: grosso modo, digamos que os conceitos são explicações e usos mais específicos de uma palavra, muitas vezes associados a uma linha de pensamento ou autorias, enquanto que a palavra seria o termo que abarca todos seus significados já utilizados (e nem sempre por nós conhecidos de antemão). Um conceito diz respeito a significados específicos de uma palavra.

Essas traduções ao latim de diversos conceitos gregos ocorrem não só para a palavra fōrma como também para infōrmo e infōrmātio3536:

Los conceptos griegos traducidos en latín como forma, y en especial las interpretaciones de Platón y Aristóteles, subyacen etimológica e históricamente a toda la evolución semántica del concepto de información. Esta afirmación, que expresa la tesis sobre el origen griego del concepto de información, se demostrará recién en la presentación de la evolución del concepto de información. Los análisis que siguen a continuación son solamente de carácter heurístico. Ellos presentan textos selectos de Platón (427/348 a.C.) y Aristóteles (384-322 a.C.), en los que se muestran los significados más importantes de estos términos griegos relacionados con la etimología y la historia del concepto de información.

La selección de estos textos no es por tanto arbitraria, sino que tiene lugar en vistas a textos o problemas que son tratados en las interpretaciones antiguas, medievales, modernas y actuales del concepto de información. La interpretación de estos textos platónicos y aristotélicos está en estrecha relación con los sentidos del término latino informatio en la Antigüedad (Cicerón, Agustín) y en la Edad Media (Alberto Magno, Tomás de Aquino, Nicolás de Cusa).

[…] En la interpretación de los textos se hará referencia a los significados que aparecen en la evolución del concepto de información. Al escribir in-formación e in-formar queremos hacer explícita la relación etimológica e histórica con el origen griego.

5.5 Tipificação

Segundo Capurro (2022)37 τύπος (typos),

significa en general la forma externa de un objeto, su figura, y es usado por Platón y Aristóteles de la misma manera que μορφή (morfé), εἶδος (eidos) / ἰδέα (idea) en sentido ontológico, epistemológico y pedagógico. Este es el fundamento que permite entender la evolución etimológica y de historia de las ideas del concepto de información. Ordenamos los significados de τύπος (typos) en tres grupos, de acuerdo con los comprobantes: 1) impresión, 2) sello, 3) esbozo.

Enquanto impressão, Capurro (2022) nos conta o seguinte de τύπος 38:

Percibir y conocer pueden ser comparados, escribe Platón, con la impresión en una tablilla de cera,51 cuando aquello que hemos oído, visto o pensado es impreso o in-formado ἀποτυποῦσθαι (apotypousthai) en nuestra alma “como al imprimir con el sello de un anillo” (Theaet 191d).52 El alma así formada o in-formada contiene las impresiones (τύπον, typon) de las cosas percibidas. Este proceso de in-formación es a la vez un proceso de conocimiento y de aprendizaje. La verdad consiste en la relación correcta entre las imágenes (τύπους, typous) y las copias (ἀποτυπώματα, apotypómeta) (Theaet. 194b). Todo depende de si las marcas son finas y suficientemente profundas para no ser confundidas. Cuando la cera está húmeda, el aprendizaje es más fácil (Theaet. 194d-e).

Esta famosa comparación del alma con una tablilla de cera que Platón interpreta en el diálogo Teeteto y Aristóteles en Sobre el alma está en relación muy estrecha con los significados epistemológicos y pedagógicos del concepto de información. Sin entrar ahora en la crítica que hace Platon a esta comparación, remitimos a la concepción platónica del proceso del conocimiento en el contexto de su pregunta sobre las ideas […]. En la interpretación del concepto de εἶδος (eidos) retomamos esta comparación en el uso que hace Aristóteles de ella […] Agustín, cuyo pensamiento fue influenciado por la filosofía platónica, llama al proceso sensorial informatio sensus y lo compara con la impresión de un anillo en la cera […]

El concepto de τύπος (typos) también juega un rol en relación con saber y aprender en el diálogo platónico Fedro. Platón narra la historia del invento de la escritura (Phaedr. 274c-275d) por el dios egipcio Thot, que corresponde al Hermes de la mitología griega.[53] Thot presentó su invento al rey Tamus, diciéndole que los egipcios iban a ser más sabios y tener mejor memoria. Thamus temía que con este invento los egipcios iban a descuidar el recordar, obteniendo sólo una sabiduría aparente, ya que confiando en la escritura iban a recordar sólo “a través de signos ajenos” (ὑπ᾽ ἀλλοτρίων τύπων, hyp‘ allotrion tupon) (Phaedr. 275a) en lugar de hacerlo internamente por sí mismos. Typos (τύπος) significa la letra impresa o in-formada.54 Platón contrapone la escritura como lenguaje fijo o in-formado (λόγος, logos) a la “escritura interior”, un saber (ἐπιστήμη, episteme) en el alma del aprendiz. La escritura es solamente un ayuda a la memoria para quien ya sabe de lo que se trata (τὸν εἰδότα, ton eidóta) (Phaedr. 275d).[55] Para Platón el conocimiento de la cosa misma, la ἰδέα (idea), es previo a la obtención de conocimientos escritos […]

Platón distingue entre un saber sensorial, o fijado sensiblemente, y un saber suprasensible. Esta diferencia es un fundamento del pensamiento de Agustín con referencia al proceso in-formacional de la percepción sensible y del conocimiento (informatio sensus y cogitationis) y el conocimiento de las formas esenciales en la visión beatifica (informatio civitatis sanctae).

Já sobre selo/estampa39,

En La república describe Platón el proceso de educación como un modelar las almas (πλάττειν τὰς ψυχὰς, plattein tas psychas) (rep. 377c). El educado in-forma el alma de un niño en base a un modelo (τyπος, typos) así como lo hace el artesano. El modelo de acuerdo con el cual el hombre es modelado es para Platón la ἰδέα (idea) del bien. El hombre educado con ese modelo es el hombre bueno (ἀνδρὸς ἀγαθοῦ, andros agathou), reacio a dejarse “im-presionar” por malos modelos (τῶν κακιόνων τύπους, ton kakionon typous) (rep. 396 c-e).

Com relação a esboço40,

[…] hay una relación estrecha entre τύπος (typos) y λόγος (logos). Esta relación es la base del concepto de información en sentido de esbozo conceptual. Platón escribe, por ejemplo: “Tienes ya el esbozo (τὸν τύπον, ton typon) de lo que digo” (rep. 491c). En la Ética a Nicómaco Aristóteles indica que su intención es una exposición conceptual que corresponda al objeto a tratar, siendo así que, en este caso, la verdad sólo puede ser esbozada (τύπῳ, typo) (Et. Nic. 1094 b 20). En el diálogo Crátilo escribe Platón que las letras, palabras y frases son sólo un esbozo de las cosas (ὁ τύπος ἐνῇ τοῦ πράγματος, ho typos ene tou pragmatos) (Crat. 432e)

5.6 Morfização

Segundo Capurro (2022), existem algumas diferenças sutis em como Platão e Aristóteles usam as palavras μορφή (morfé), εἶδος (eidos), ἰδέα (idea) e τύπος (typos)41:

Tanto para Platón como para Aristóteles el concepto de μορφή (morfé) está íntimamente ligado a εἶδος (eidos) / ἰδέα (idea) así como a τύπος (typos) en sentido de forma exterior. Pero, a diferencia de este significado, εἶδος (eidos) se usa en sentido de la especie común o lo común a individuos concretos, mientras que ἰδέα (idea) es la imagen originaria (Urbild) en sentido platónico. Sin embargo, como mostraremos, varían los significados de εἶδος (eidos) e ἰδέα (idea). Mientras que Platón usa poco el término μορφή (morfé), este tiene un significado filosófico sólido en Aristóteles, en sentido de principio del ente.

No caso, μορφή (morfé) estaria mais associada à forma externa (imagem) ou princípio do ser42:

En el diálogo La república pregunta Platón si dios es un mago capaz de aparecer en diversas formas (ἐν ἄλλαις ἰδέαις, en allais ideais) mostrando su esencia (τὸ αὑτοῦ εἶδος, to autou eidos) en diversas formas externas (εἰς πολλὰς μορφάς, eis pollas morphas) (rep. 380d). Esto lleva a reflexionar sobre qué cosas pueden cambiar su forma, es decir, pueden dejarse in-formar. […] Platón deduce que la posibilidad de que los entes cambien su forma o que sean in-formados nuevamente depende de su grado de imperfección. El dios es en todo sentido perfecto y no puede tener muchas formas (πολλὰς μορφάς, pollás morphás).

Si bien Aristóteles utiliza el término μορφή (morfé) en sentido de imagen externa,[…] este término tiene el significado básico de principio del ente.

[…]

El concepto de μορφή (morfé) juega un rol central en la dualidad ontológica aristotélica: forma (μορφή, morfé / εἶδος, eidos) y materia (ὕλη, hyle / ὑποκεμείνον, hypokeimenon).

Los términos μορφὴ (morfé) y εἶδος (eidos) son mencionados a menudo juntos. Hay dos maneras de designar la esencia (οὐσία, ousía) del ente: materia (ὑποκείμενον, hypokeimenon) y forma o esencia (ἡ μορφὴ καὶ τὸ εἶδος, he morfé kai to eidos) (Metaph. 1017 b 20).

[…] también es usado por Aristóteles en relación con la experiencia sensorial cuando escribe, por ejemplo, que “es evidente que la forma (εἶδος, eidos), o como se quiera llamar a la forma percibida por medio de los sentidos, no se genera” (τὴν ἐν τῷ αἰσθητῷ μορφήν, οὐ γίγνεται, ten en to aistheto morfen, ou gígnetai) (Metaph. 1033 b 5). Günther Patzig señala que el concepto aristotélico de μορφή (morfé) es usado habitualmente en relación con εἶδος (eidos), ἐνέργεια (energeia), λόγος (logos), etc., estando generalmente en segundo lugar, es decir, que tiene un sentido explicativo como en el texto recién citado. El término μορφή (morfé) tendría entonces una función mediadora entre la terminología aristotélica y el lenguaje diario.[58]

[…]

El término μορφή (morfé), en sentido de principio del ente, designa algo permanente; es lo que hace la esencia de las cosas. Sólo lo que es concreto surge, mientras que μορφή (morfé) es el principio de la realización (ἐνέργεια, energeia) de una sustancia como materia (τὸ μὲν ὑποκείμενον ὡς ὕλη, to hypokeimenon hos hyle) en potencia (δuνάμει dynamei). ¿Qué es la calma del mar? pregunta Aristóteles, una planicie marina. El mar es la materia, la planicie su realización y forma (ἡ δὲ ἐνέργεια καὶ ἡ μορφὴ, he de energeia kai he morfé) (Metaph. 1043 a 259). El ente percibido por medio de los sentidos existe, por un lado, como materia (ὕλη, hyle) y, por otro lado, como forma y realización (μορφὴ καὶ ἐνέργεια morfé kai energeia) (Metaph. 1043 a 25-29).

Es particularmente en la filosofía escolástica influenciada por Aristóteles donde el concepto de informatio materiae está en relación directa con el sentido ontológico del concepto de μορφή (morfé). Para Tomás de Aquino, por ejemplo, informatio materiae no es otra cosa que actus materiae, es decir, la realización o la in-formación de una materia en potencia por una forma […] En base a estos sentidos ontológicos y epistemológicos del concepto de información medieval surge el concepto moderno de información como comunicación del conocimiento […] En las definiciones científicas y filosóficas actuales se dan también los momentos de seleccionar, inspeccionar, dominar, así como cambiar, distinguir y orientación (visual) práctica, que tienen su origen en la etimología y la historia del concepto de μορφή (morfé)

5.7 Ideação

Sobre εἶδος (eidos) e ἰδέα (idea), nos conta Capurro (2022) que43:

Los conceptos de εἶδος (eidos) e ἰδέα (idea), así como τύπος (typos) y μορφή (morfé), significan en general forma o imagen percibida. Tanto Platón como Aristóteles los usan así, pero ambos los reinterpretan en sentido ontológico y epistemológico. Tanto el sentido general como el sentido filosófico especial subyacen a la evolución semántica del concepto de información. La herencia de este origen se manifiesta, por ejemplo, en el concepto de informatio deorum en Cicerón, que significa tanto las imágenes de los dioses o su apariencia como su esencia y naturaleza […] Este origen etimológico e histórico del concepto de información se acentúa cuando las interpretaciones platónicas o aristotélicas son explícitas

Por otro lado, hay que destacar que las interpretaciones de Platón y Aristóteles no muestran una diferencia exacta entre εἶδος (eidos) / ἰδέα (idea).

Nestas concepções, a palavra εἶδος (eidos) é usada no sentido de espécie comum, ou aquilo que é comum a indivíduos concretos. Já ἰδέα (idea) seria44

la imagen originaria (Urbild) en sentido platónico

5.8 Teorização

Assim nos é resumida a “Teoria” Platônia das Ideias45:

La pregunta por las ideas en Platón La así llamada teoría platónica de las ideas es más bien una pregunta o un impulso que una teoría. […]

Para Hans-Georg Gadamer, el diálogo Crátilo es “el texto fundamental del pensamiento griego sobre el lenguaje”.[64] En este diálogo, Platón trata de la relación entre lenguaje y realidad o de “la rectitud de los nombres” (ὀνόματος ὀρθότητα, onómatos orthoteta, Crat. 383a), es decir, de la pregunta sobre hasta qué punto el lenguaje nos da una información correcta sobre la realidad, o bien hasta qué punto nuestro conocimiento de la realidad puede expresarse o in-formarse en el lenguaje.

Platón compara al creador de palabras con un carpintero al que se le rompe la lanzadera de tejedor y vuelve a hacer otra semejante (τὸ εἶδος, to eidos, Crat. 389b) o con un herrero que imprime “la misma imagen” (τὴν αὐτὴν ἰδέαν, ten autén idean, Crat. 389e) en el mismo hierro. La pregunta es entonces si en las cosas hay formas originarias (εἶδη, eide) […] En este caso, el creador de palabras in-formaría el lenguaje de acuerdo con ellas.

[…]

En la famosa alegoría de la caverna (rep. 514ss) describe Platón el camino hacia las ideas. Partiendo de la sabiduría de la caverna, que es un saber sobre lo percibible a través de los sentidos, alcanza el hombre un saber esencial o meta-sensible sobre los entes. Todo lo que ha visto lo ve en su totalidad en la idea del bien (τὴν τοῦ ἀγαθοῦ ἰδέαν, ten tou agathou idean, rep. 508e). Las ideas son la esencia de los entes sensibles.

[…]

La “visibilidad” significa la posibilidad de ser designado. Lo denotado es, por otra parte, lo que un ente es, su significado. Por eso, como indica Andreas Graeser, las ideas son un híbrido de significado y designación.[67] Ellas son mediadas por el lenguaje, pero al mismo tiempo son independientes de él, es decir, posibilitan originariamente la in-formación del conocimiento y del lenguaje. Pero el punto crucial del platonismo consiste en saber cómo objetos no lingüísticos pueden ser mediados por el lenguaje sin que surja la duda fundamental sobre si son correctos o no. Esto es lo que hace que las ideas no sean una teoría, sino una pregunta.

Hay que indicar además el trasfondo pedagógico de la pregunta platónica por las ideas y, en especial, en la alegoría de la caverna. La educación humana no es solamente una formación o in-formación del conocimiento, sino de la moralidad, puesto que el grado más alto del conocimiento es la idea del bien. El conocimiento de las ideas tiene sentido en último término en vistas a la orientación de la acción moral, que es propia del ser humano. Los momentos epistemológicos, filosófico-lingüísticos, ontológicos y pedagógicos coinciden en la pregunta platónica por las ideas, y desde aquí en las interpretaciones del concepto de información.

[…]

[…] En el Timeo Platón expone la relación ontológica de las ideas con los entes. Él menciona un tercer género, que es “capaz de recibir toda generación como una nodriza” (Tim. 49a), “totalmente informe y careciendo de todas las formas esenciales que puedan advenir” (πλὴν ἄμο ρφον ὂν ἐκείνων ἁπασῶν τῶν ἰδεῶν ὅσας μέλλοι δέχεσθαί ποθεν, plen amorphon on ekeinon hapason ton ideon hosas melloi dechesthai pothen) (Tim. 50d 2). Este tercer género, semejante, como veremos, a la materia aristotélica, es in-formado por las ideas. Las ideas, escribe Aristóteles sobre Platón, son la causa de que cada cosa pueda ser algo determinado (Metaph. 988 a 10ss), y la idea del bien o del uno es la forma de las formas puras, que posibilita toda formación o in-formación.

La pregunta platónica por las ideas tiene una amplia repercusión en los significados ontológicos, epistemológicos y pedagógicos del concepto de información, como se puede constatar, por ejemplo, en los comentarios sobre el diálogo Timeo de Apuleius (siglo II d. C.) […] Esta influencia vale también para el pensamiento cristiano-platónico de Agustín, para quien Dios es la forma simplex. En Dios tiene lugar la iluminación de la sociedad celeste (informatio civitatis sanctae) […] La interpretación epistemológica del concepto de información en la antropología dualista de Descartes está en íntima relación con la actividad de la “ideas” que nos trasmiten el conocimiento, es decir, que nos informan […]

William Whewell (1794-1866) concibe el proceso del conocimiento como un proceso informacional en el cual las sensaciones son in-formadas por “Ideas” a priori […] Finalmente, en la discusión científica y filosófica actual se discute sobre el concepto de información como forma o estructura refiriéndose explícitamente a la concepción platónica del concepto de forma

Já em Aristóteles estes conceitos ganham também um fundo biológico, como no caso de eidos46:

Klaus Oehler ha llamado la atención sobre “los orígenes bio-lógicos de la teoría aristotélica del εἶδος (eidos), entendiendo la palabra ‚bio-lógicos‘ en sentido metafísico desde la filosofía de la naturaleza”.68 La forma, el εἶδος (eidos), es para Aristóteles algo general. Los individuos son diferentes debido a la materia (ὕλη hyle) pero idénticos en lo que se refiere a la forma (Metaph. 1034 a 5-8). Oehler escribe:

Oehler escribe: En tanto que la esencia de las cosas reside para Aristóteles en su forma, y esta constituye el contenido del concepto de una cosa, puede concebir la forma esencial de una cosa también como su concepto, que le es inmanente y la constituye en su ‚ser así‘. Desde esta perspectiva, el concepto de esencia o especie no es meramente noético, en el sentido que tendría su lugar sólo en el pensamiento, sino que existe al mismo tiempo en las cosas mismas, y el concepto de esencia como unidad noética en el pensamiento es sólo una correspondencia adecuada. Esta proposición es cierta en toda su extensión en el campo de los entes vivientes, donde géneros y especies se realizan en la forma más clara.69

Este origen bio-lógico del concepto de εἶδος (eidos) se manifiesta por ejemplo en la teoría de la herencia: portador y trasmisor del principio reproductor y de la forma (εἶδος, eidos) es el semen, el cual trasmite, como un instrumento, forma y movimiento a la sangre menstrual femenina (las catamenias) (De gen. anim. 728 ss). […]

Como indica Erna Lesky, tanto Aristóteles como Platón sostienen una concepción epigenética de la evolución del germen, en oposición a la visión preformista de, por ejemplo, Anaxágoras. De acuerdo con esta concepción, los órganos no están preformados en el semen, sino que se desarrollan cuando el semen masculino provoca como impulso del movimiento una reacción en cadena en la materia femenina, dando lugar al acto de lo que estaba en potencia de desarrollarse.[70]

Varro (116-27 a.C.), que también sostiene una concepción epigenética de la teoría biológica de la herencia, usa el término informo en relación el proceso de generación […] Para Tomás de Aquino la vida opera per modum informationis […] En la Edad Moderna, Johann Friedrich Blumenbach (1752-1840) acuña el concepto de nisus formativus […], que puede entenderse como una formulación pre-genética del concepto actual de información genética hereditaria […]

La cosa individual es lo que es por la forma. Esta no es separable (οὐ χωριστή, ou choristé) de la cosa individual, la cual está constituída esencialmente por la forma. Forma, materia, causa eficiente y causa final son los cuatro principios fundamentales aristotélicos. Todo en el ámbito sub-lunar está formado por materia y forma, es decir, todo lo que es generado y perece tiene una forma diferente. Pero materia y forma no perecen

[…]

En cierto sentido la concepción aristotélica se acerca a la platónica.

[…]

La interpretación aristotélica del concepto de εἶδος (eidos), como un principio permanente en la realidad sin existencia autónoma, es el fundamento de los significados ontológicos del concepto de información en la escolástica. Así, por ejemplo, para Tomás de Aquino, quien concibe el cuerpo viviene gracias al alma como informatio materiae, por lo que la materia en potencia se actualiza como siendo gracias a la forma. Las formas son, por otro lado, nada más que actus materiae y no tienen una existencia propia. Lo que es, es el compuesto (compositum) […]

Forma e matéria também são conceitos importantes na epistemologia aristotélica47:

Finalmente, se ha de tratar otro significado de la teoría aristotélica de forma y materia, como es el epistemológico. En De anima analiza Aristóteles los procesos de percepción y conocimiento y describe la acogida de las formas sensorialmente perceptibles (τῶν αἰσθητῶν εἰδῶν, ton aistheton aidon), que tiene lugar “sin la materia” (ἄνευ τῆς ὕλης, aneu tes hyles), “de manera semejante a como la cera que acoje el signo del anillo sin el hierro y el oro” (οἷον ὁ κηρὸς τοῦ δακτυλίου ἄνευ τοῦ σιδήρου καὶ τοῦ χρυσοῦ δέχεται τὸ σημεῖον, oion ho keros tou daktyliou aneu tou siderou kai tou chrysou dechetai to semeion) (De an. 424 a 17). No se trata, precisa Aristóteles, de un proceso material por el cual lo opuesto es eliminado, sino de una transformación de lo que, en cierto modo, es decir, potencialmente (δυνάμει, dynamei) existe ya, pero cuyo fin ha de ser actualizado (ἐντελέχειαν, entelecheian) (De an. 417 b 1-6).

Las capacidades de percepción, representación y pensamiento son in-formadas por las formas sensibles, representadas y pensadas (τὰ αἰσθητά, τὰ φαντάσματα, τὰ νοητά, ta aisthetá, ta phantasmata, ta noeta), siendo así que existe una relación estrecha entre las formas representadas y las pensadas[…] El proceso del conocimiento es por tanto un proceso in-formacional en el cual, en base a la concepción ontológica del concepto de εἶδος (eidos) como algo presente e inherente en el proceso de la vida, las etapas del conocimiento que conducen al reconocimiento de este principio dependen unas de otras.

[…]

La ontología y la antropología de Aristóteles se distinguen de esta manera del pensamiento dualista platónico, que se pone de manifiesto en su interpretación del concepto de forma. Mientras que para Platón las ideas son esencias que existen independientemente de los objetos percibibles sensorialmente, las formas de pensamiento son para Aristóteles solamente en potencia formas del pensamiento y sólo actualizadas en la actualización de los objetos. La capacidad de pensar puede acoger las formas, es decir, dejarse in-formar. La in-formación misma no es una cosa, sino que recibe cada cosa solamente de acuerdo con su forma. Ella es, en cierta manera “como una tablilla para escribir en la que no hay nada escrito actualmente” (De an. 430 a 1-2).

[…]

[…] En base a este proceso in-formacional, que en definitiva es posible por la actividad del “intelecto agente” (νοῦς ποιητικός, nous poietikos), el hombre puede comprender la esencia de las cosas. A la naturaleza de las cosas, que son una unidad de materia y forma, corresponde la unidad del pensar, que, por un lado, se relaciona con la capacidad sensorial y, por otro, con poder contemplar las formas.

In-formar um corpo externamente, para que ele adquira um formato e comportamento específico, não soa hoje como uma explicação de processos colonizadores?

5.9 Informização

Etimologia 5.2 (Formação da Informação) No salto da forma para a informação (informo48, informatio49, informis50 etc51), houve mais transformação.

Na passagem do grego para o latim, vários conceitos com vários sentidos são traduzidos como informo/informatio até meados do século VIII EC. Segundo Capurro (2022), os sentidos dos termos gregos originários estariam divididos em “momentos ontológicos” e “momentos epistemológicos”. Não dá para saber com certeza se os tradutores deram novos significados para informo e informatio ou meramente se aproveitaram dos existentes. Minha impressão, lendo a tese de Capurro (2022), é de que usaram a palavra que mais se aproximava do sentido original – de acordo com o entendimento deles –, mas nesta manobra acabaram por adicionar significados à palavra existente.

Usando uma analogia auto-referente, poderíamos dizer então que da passagem do grego para o latim, alguma informação foi perdida mas alguma também foi ganha, numa convergência de diversos conceitos in-formativos52:

  • ὑποτύπωσις (hypotyposis)53.
  • ἐντυποῦν (entypoun)54.
  • διάταξιν (diataxin)55.
  • χαρακτηρισµός (charakterismos)56.
  • μανθάνω (manthano) e πείθω (peitho)57.
  • πρόληψις (prolepsis)58.

A coalescência de tantos termos produziu uma espécie de “complexo info-”59:

Informatio es el sustantivo del verbo informo. Tales sustantivaciones expresan “una acción terminada o un efecto o un estado, a veces también, como en el caso de las que terminan con -tio, una acción que está sucediendo”. Los términos informatio e informo se basan en el concepto de forma que traduce todos los significados de los términos griegos τύπος (typos), μορφή (morfé), εἶδος (eidos), ἰδέα (idea). El prefijo “in” en relación con el término forma puede significar tanto la intensificación como la ubicación de la acción de formar y en este caso corresponde al griego ἐν (en), pero también puede significar una negación y en este caso corresponde al prefijo ἀν (an).

El concepto latino de información se refiere a los derivados de forma con el prefijo “in” en sentido de intensificación o ubicación de una acción. Estos derivados son:

  • informatio: formación, diseño
  • informator: escultor, maestro
  • informatus: formado, educado
  • informo: formar, diseñar

Los derivados de forma con el prefijo “in” en el sentido de negación son:

  • informabilis: lo que no puede ser formado
  • informia: cosas que no tienen una forma (bella)
  • informis: sin forma, mal formado, deformado

[…]

Informatio significa en general, como lo indica la terminación -tio, el acto de formar (actus formandi) así como el resultado (status informati). En el caso de informo el prefijo “in” tiene el sentido de intensificación o ubicación de una acción. Informo significa por tanto comenzar a formar algo (incohare), dar alguna (quandam) forma a algo (aliquatenus formare), así como con respecto a ubicación: imprimir, insertar (formando imprimere, infigere). 94 Informatio aparece en genitivo subjetivo, objetivo y explicativo.

[…]

[…] Los comprobantes abarcan el período desde el latín clásico hasta el siglo VIII d. C. Tanto en el caso de informatio como de informo los comprobantes están divididos en dos grandes grupos:

  1. Formar un objeto material (corporaliter): el concepto de información es usado en los campos artificiales y organológicos en el sentido de crear (creare), hacer (fieri), generar (nasci);

  2. Formar un objeto inmaterial (incorporaliter) o sea formación del conocimiento: en este caso se trata del campo filosófico y en especial epistemológico. Se indican especialmente los significados “activos” de aclarar (adumbratio), definir (definitio), probar (demostratio) etc. así como formación del conocimiento (genitivo subjetivo), y los significados “pasivos” en el sentido de formación del conocimiento (genitivo objetivo) como ser enseñar o comunicar un tema (de animo erudiendo, imbuendo, instruere), un ejemplo o modelo (exemplum), una orden (iussionem), una doctrina (doctrinam), etc.

Dada a complexidade dos significados, não se pode simplificar o conceito latino de informação usando um modelo único60:

[…] el uso del concepto de información y sus interpretaciones no se pueden simplificar reduciéndolos a un modelo único. Estas interpretaciones ejemplares tienen lugar desde el trasfondo de esta complejidad que fue mostrada en la exposición general y ofrecen una explicación más detallada de tres autores que son relevantes para la historia del concepto de información. Estos autores estuvieron de diversas formas en interacción con la filosofía griega y especialmente con Platón y Aristóteles. Con respecto a la interpretación del concepto de información se constata la influencia de Platón en Agustín y de Aristóteles en Tomás de Aquino. Sin embargo, hay que destacar que en ambos autores se trata de una síntesis entre el pensamiento griego y la fe cristiana que se manifiesta en las interpretaciones ontológicas, epistemológicas y pedagógicas. Estas remiten siempre al origen griego, pero a causa del contexto filosófico-teológico van más allá del mismo.

Se um modelo único simplificador dificilmente dá conta dessa diversidade, ao menos é possível agrupar o emprego de informo/informatio em campos de aplicação dessas palavras61:

  1. campo artificial y organológico: información significa formar una materia o un organismo en el proceso de su generación;

  2. campo filosófico: información tiene un sentido ontológico (formar la materia) y epistemológico (formar el conocimiento);

  3. campo pedagógico: información significa el proceso de educación e instrucción.

Mas, se quisermos arriscar um significado básico inicial, podemos resumir no seguinte62:

Informatio originally meant the formation of matter, its acquisition of a form. “Information thus implies, on the one hand, the stamping and, on the other, information-giving, upon which the informed being reacts” (Heidegger and Fink HS, 14).

Notar que, curiosamente, o conceito grego de mensagem é dado pela palavra ἀγγελία (angelía), que tem a ver com nossos conceitos atuais de informação mas que em nada influiu a palavra “informação” originalmente63:

El concepto griego de mensaje pertenecía también al lenguaje de la vida pública, de los torneos y de los soberanos, y no al de la filosofía y la pedagogía. Por esta razón, no existe una relación etimológica o histórica directa entre ἀγγελία (angelía) y el origen griego del concepto de informa- ción. Pero sí se puede constatar una relación indirecta, dado que algunos momentos del concepto diario actual de información corresponden a los del concepto griego de mensaje. Estas correspondencias se pueden constatar en el caso de otros conceptos griegos como ser ἀπόστολος (apostolos) (el enviado), πέμπειν (enviar) y también διδάσκω (didasko) (enseñar), que este excurso va a tematizar. […]

Liddell y Scott dan como significado básico de términos con la raíz ἀγγελ- (angel-): proclamar (to proclaim).[83] Es es el caso, por ejemplo, de ἀγγελία (angelía) en sentido de proclamación en la Odisea (Odyssee 5, 150).

La palabra ἀγγελία (angelía) significa, como muestra Julius Schniewind,[84] la acción de comunicar, así como lo comunicado. Este doble significado se encuentra también en εὐαγγέλιον (euangelion),[85] que, como ἀγγελία (angelía), fue usado para noticias políticas y para eventos felices. La estructura: evento y, por tanto, novedad, y mensaje-mensajero-receptor, es la base del concepto griego de mensaje.

El término εὐαγγέλιον (euangelion) es en general un término técnico que designa mensaje de victoria, es decir, la comunicación de algo nuevo y gratificante. Debido a malas experiencias, indica Gerhard Friedrich, fue necesario “marcar una diferencia entre mensaje y evento que antes no se conocía.”[86] El uso del término en el campo religioso implicaba una equiparación de mensaje y realidad.[87] El trasmisor de un mensaje es en Homero (Ilias 5, 804) el ἄγγελος (angelos).

Estes elementos nos permitem agora analisar a forma da forma, e o papel originário da informação.

Mosquito vetor da transmissão de si próprio: com outro mosquito específico e um pouco de sangue, bota ovos produtores de futuros mosquitos específicos, mas ligeiramente distintos, reproduzindo assim o padrão de um Mosquito Geral. Mas o quanto esse mosquito genérico realmente existe, e se existe, está onde? A doutrina clássica das formas parece não considerar aquilo que uma concepção atual dos padrões chama de evolução, isto é, uma lenta mudança de padrões herdados e que persistem enquanto mutam ao longo do tempo. Aliás, o que nesta foto nos faz distinguir o mosquito das outras texturas?

Figure 5.1: Mosquito vetor da transmissão de si próprio: com outro mosquito específico e um pouco de sangue, bota ovos produtores de futuros mosquitos específicos, mas ligeiramente distintos, reproduzindo assim o padrão de um Mosquito Geral. Mas o quanto esse mosquito genérico realmente existe, e se existe, está onde? A doutrina clássica das formas parece não considerar aquilo que uma concepção atual dos padrões chama de evolução, isto é, uma lenta mudança de padrões herdados e que persistem enquanto mutam ao longo do tempo. Aliás, o que nesta foto nos faz distinguir o mosquito das outras texturas?

“Forma” e “informação” não seriam conceitos surgidos para denotar uma comunicação de um modelo num ser modelado. Comunicação pressuporia outras propriedades, como por exemplo um diálogo em que forma e formador afetam-se mutuamente; ou num processo evolutivo no qual os seres formados atualizam as formas das quais se originaram. Ao contrário, processos de formação do tipo platônico-aristotélico seria unilateral: formas eternas perfeitas, imutáveis, e que mediante um processo de in-formação modelariam a matéria e os espíritos. Forma e informação, em certo sentido, são conceitos autoritários: as formas eternas seriam os modelos seguidos por todos os seres existentes. Aí há um autoritarismo também por retirar da matéria qualquer atividade criativa, relegando-a à passividade de ser in-formada externamente. Autoritarismo ainda pelas formas que seriam eternas e imutáveis, desconsiderando a possibilidade de ums dinâmica interna entre as próprias formas de modo a surgirem novas formas, pois isso misturaria formas “puras” e “irredutíveis” de formas compostas. A Doutrina das Formas, ou da “In-formação”, fornece assim explicações e justificações sobre a “ordem” do mundo64.

A partir disso teria sido amplamente usada no latim para explicar diversos conceitos, e creio ter sido assim que a palavra forma foi “formatada” pelo pensamento ocidental prevalente na antiguidade. Parece que muito desse autoritarismo ainda prevalece, se é que não ficou ainda mais intenso com o passar dos tempos.

A palavra Informação seria a realização máxima da chamada “Teoria das Formas” platônica. Tomando de emprestado a própria palavra idea mas usando um sentido mais contemporâneo e derivado, poderíamos até chamar a “Teoria das Formas” de “Doutrina” ou “Ideologia das Formas”, essa crença na existência da categoria ontológica e metafísica “forma”. Informação seria aquilo que nem é matéria, nem espírito – como comenta Capurro (2022) sobre esse debate65.

Uma “Teoria” das “Formas” não é algo “testável” no sentido científico contemporâneo: não é possível fazer um experimento para detectar se existe um “plano” existencial habitado por formas eternas que “in-formariam” matéria e espírito, pela própria característica esotérica dessas “Formas”. Por isso que esta “teoria” é mais uma “ideologia”, a ser adotada ou rechaçada apenas com base na fé ou pragmatismo. Complicações abundam em todos os lados: se os entes materiais não acessam as Formas, mas são acessados e modificados por elas, então como se dá esse ponto de contato entre uma forma e aquilo que é informado66?

Indo mais além nos comentários sobre a Teoria/Ideologia das Formas, se alguma destas conjecturas for correta, seria também irônica, nos mostrando que o abstrato vem do concreto: as palavras do guarda-chuva “forma” não surgiram a partir desses conceitos abstratos, mas sim de usos concretos: “forma”, no seu entendimento mais básico de delineamento/aspecto/etc é uma abstração do que é mais comum e básico na percepção de todos os entes materiais observáveis: por mais díspares que sejam entre si, todos os “objetos” possuem uma “forma”, um “desenho”, um “aspecto”. Daí que os conceitos platônico-aristotélicos dão um passo de abstração a mais e acabam invertendo a relação: a aparência, o desenho, o aspecto seriam concretizações de entidades supra-materiais chamadas de “forma”. Ainda, a semelhança de muitos entes quando comparados entre si pode levar, dentro desse autoritarismo das formas, a uma hierarquia de categorias agrupando entes semelhantes.

O louva-deus desafia as teorias das formas. Seria ele uma junção da forma-graveto com a forma-folha e a forma-inseto? Ou as formas básicas seriam ainda mais básicas? Quais são as formas mínimas? Daí a proximidade platônica com a geometria, sob grande influência dos pitagóricos. Uma destas concepções é a que chamo de Teoria Atômica Formista Triangular, contida no texto Timeu -- Platão e Gregory (2009) --, que supõe o mundo ser composto por triângulos diversos. É comum também que seja feita referência às formas geométricas contidas na "natureza", que estaria repleta de triângulos, círculos e outras formas. Mas me parece que existem uma série de pressupostos e aproximações nesse tipo de análise. Estas formas consideradas "perfeitas" parecem longe de ocorrerem por aí. Tudo parece ter alguma ranhura, alguma imperfeição, algum detalhe que marca historicamente os seres.

Figure 5.2: O louva-deus desafia as teorias das formas. Seria ele uma junção da forma-graveto com a forma-folha e a forma-inseto? Ou as formas básicas seriam ainda mais básicas? Quais são as formas mínimas? Daí a proximidade platônica com a geometria, sob grande influência dos pitagóricos. Uma destas concepções é a que chamo de Teoria Atômica Formista Triangular, contida no texto Timeu – Platão e Gregory (2009) –, que supõe o mundo ser composto por triângulos diversos. É comum também que seja feita referência às formas geométricas contidas na “natureza”, que estaria repleta de triângulos, círculos e outras formas. Mas me parece que existem uma série de pressupostos e aproximações nesse tipo de análise. Estas formas consideradas “perfeitas” parecem longe de ocorrerem por aí. Tudo parece ter alguma ranhura, alguma imperfeição, algum detalhe que marca historicamente os seres.

O termo informação, então, originalmente, está relacionado à morfogênese, isto é, à explicação dos processos de formação, e não ao entendimento dito moderno mais próximo ao processo de comunicação67:

[…] informatio and information were used in a broader sense to account for the way that the universe […] of matter is given shape and identity by the forms or essences that imbue it. The intelligibility of material objects owes to the forms that in-form them, shaping them from within. This doctrine, which was later dubbed hylomorphism (from Aristotle’s hyle, or matter, and morphe, or form) […] Information was a term that took part in a vocabulary that described how matter was imbued with the intelligible order of forms. It belonged to a social world very different from our own, one still “enchanted” and governed by complex networks of similitudes, resemblances, and correspondences […]

[…] This work of informing has nothing to do with gaining information in today’s sense, but in receiving the envigorating sources of life. […] Perhaps the clearest example is Sir Thomas Browne’s description (1981/1646, 441) of the fabrication of Eve: “there was a seminality and contracted Adam in the rib, which by the information of a soul, was individuated into Eve.” […] Clearly this information has nothing to do with gaining facts, and everything to do with the embodiment of form. Perhaps we could best translate the early meaning of information with a term such as morphogenesis, taken broadly as the origin and evolution of forms.

O conceito de Forma assim foi estabelecido como um terceiro campo ontológico, ao lado de matéria e consciência/espírito, mas talvez num nível hierárquico superior68.

Monoteísmos como o platônico insistem na conexão realizada por um demiurgo entre formas e seres, cujo limite chegaria não somente à separação entre Forma e Matéria, mas à separação de Forma e Ser como categorias distintas: o Ser só o \emph{seria} se imbuído de Formas, estas eternas a ponto de não necessitarem inclusão dentro categoria de Ser. As antenas da borboleta seriam incapazes de captar suas formas essenciais. Nesse entendimento da realidade, a borboleta somente acessaria um mundo já disforme, de luzes e sombras distorcidas. Mas, se todo Ser seria feito de Formas puras, como é que a deformação surgiria? Há uma dificuldade desse pensamento, que só se resolve considerando que Formas puras são impuras (contradição) ou que a composição de Formas puras gera a impureza, o que seria um absurdo pela "impureza" vindo da própria "pureza".

Figure 5.3: Monoteísmos como o platônico insistem na conexão realizada por um demiurgo entre formas e seres, cujo limite chegaria não somente à separação entre Forma e Matéria, mas à separação de Forma e Ser como categorias distintas: o Ser só o se imbuído de Formas, estas eternas a ponto de não necessitarem inclusão dentro categoria de Ser. As antenas da borboleta seriam incapazes de captar suas formas essenciais. Nesse entendimento da realidade, a borboleta somente acessaria um mundo já disforme, de luzes e sombras distorcidas. Mas, se todo Ser seria feito de Formas puras, como é que a deformação surgiria? Há uma dificuldade desse pensamento, que só se resolve considerando que Formas puras são impuras (contradição) ou que a composição de Formas puras gera a impureza, o que seria um absurdo pela “impureza” vindo da própria “pureza”.

References

ADSOQIATION, DNGHU. 2007. Etymological dictionary of Proto-Indo European language - A Revised Edition of Julius Pokorny’s Indogermanisches Etymologisches Wörterbuch. Indo-European Language Revival Association.
Andrews, E A, William Freund, Charlton Thomas Lewis, e Charles Short. 1879. A Latin dictionary: founded on Andrews’ edition of Freund’s Latin dictionary. Rev. enl., and in great part rewritten. Oxford University Press.
Beekes, Robert Steven Paul; Lucien van Beek. 2010. Etymological Dictionary of Greek (vols. 1 & 2). Bilingual. Leiden Indo-European Etymological Dictionary Series, Vol. 10. Brill.
———. 2022. Información: Contribución a una fundamentación del concepto de información basada en la etimología y la historia de las ideas. Ápeiron Ediciones. http://www.capurro.de/info.html.
Corssen, Wilhelm Paul. 1863. Kritische Beiträge zur lateinischen Formenlehre. Leipzig: B.G. Teubner. https://archive.org/details/kritischebeitrg00corsgoog.
Curtius, Georg. 1869. Grundzüge der griechischen Etymologie. Leipzig B.G. Teubner. https://archive.org/details/grundzgedergri00curtuoft.
Georgescu, Simona. 2020. “The world as a yawning gap. New insights into the etymology of Lat. mundus ‘world’. In Lemmata Linguistica Latina: Volume II Clause and Discourse. Vol. 2. De Gruyter. https://doi.org/10.1515/9783110647587-014.
Glare, P. G. W. 1968. Oxford Latin Dictionary. Clarendon press.
Hesíodo. 2009. Os Trabalhos e os Dias. Biblioteca Polen. Iluminuras.
Kayachev, Boris. 2020. “Moretum 8: an emendation”. Glotta 96: 119–23. https://doi.org/10.13109/glot.2020.96.1.119.
Lamers, Han. 2019. “Janus Lascaris’ Florentine Oration and the ‘Reception’ of Ancient Aeolism”. In Making and Rethinking the Renaissance: Between Greek and Latin in 15th-16th Century Europe. Trends em Classics - Supplementary Volumes 77. Walter de Gruyter GmbH & Co KG. https://doi.org/10.1515/9783110660968-003.
Monier-Williams, Sir. 1872. A Sanskrit-English dictionary, etymologically and philologically arranged, with special reference to Greek, Latin, Gothic, German, Anglo-Saxon, and other cognate Indo-European languages. Oxford Clarendon Press. https://archive.org/details/1872sanskriten00moniuoft/.
Peters, John Durham. 1988. “Information: Notes Toward a Critical History”. Journal of Communication Inquiry 12: 9–23. https://doi.org/10.1177/019685998801200202.
Platão, e Andrew Gregory. 2009. Timaeus and Critias. Traduzido por Robin Waterfield.
Pokorny, Julius. 1959. Indogermanisches etymologisches Wörterbuch. Vol. I. https://archive.org/details/indogermanisches01pokouoft.
Polt, Richard. 2015. “A Heideggerian Critique of Cyberbeing”. In Horizons of Authenticity in Phenomenology, Existentialism, and Moral Psychology: Essays in Honor of Charles Guignon, 179–97. Contributions To Phenomenology 74. Springer Netherlands. https://link.springer.com/chapter/10.1007/978-94-017-9442-8_12.
———. 2025b. Um Método Arbóreo-Espiral. Vol. 0. Publicações Vertiginosas. https://metodo.fluxo.info.
Seckel, Emil, e Bernhard Kübler. 1908. Iurisprudentiae anteiustinianae reliquias. Vol. 1. Teubner. https://archive.org/details/iurisprudentiaea01unse.
———. 2019b. Thesavrvs lingvae Latinae. I - Intervulsus (versão 1). Vol. 7,1. Thesaurus Linguae Latinae. Lipsiae. https://publikationen.badw.de/en/000914816.
Vaan, Michiel de. 2008. Etymological Dictionary of Latin and the other Italic Languages. Vol. 7. Leiden Indo-European Etymological Dictionary Series. Brill. https://archive.org/details/m-de-vaan-2008-etymological-dictionary-of-latin-and-the-other-italic-languages.
Walde, A., e J. B. Hoffmann. 1938. Lateinisches Etymologisches Woerterbuch. Heidelberg: Carl Winter’s Universitätsbuchhandlung. https://archive.org/details/walde.
Warmington, E. H. 1936. Remains of Old Latin, Volume II, Livius Andronicus. Naevius. Pacuvius. Accius. Vol. 2. Loeb Classical Library No. 314. Harvard University Press.

  1. Andrews et al. (1879) pág. 768 sugere que viria do sânscrito, “dhar-, dhar-āmi, bear; dhar-i-man”. O verbete dhara de Monier-Williams (1872) pág. 449 indica: “Dhariman, […] a balance, a pair of scales, a weight; form, figure, semblance”. A conexão com dhar-i-man também consta em Corssen (1863) pág. 169 e em Curtius (1869) pág. 241, e é referenciada no verbete forma de Walde e Hoffmann (1938) pág. 531, associada à raíz (proto-)indo-européia \(*dher-\) no sentido latino de ferē, firmus, frētus; outra conexão elencada pelo mesmo dicionário seria à raíz \(*bhrgh-ma\), de “brāhman” no sânscrito e eventualmente flāmen (“padre”) no latim. ADSOQIATION (2007) págs. 689-690 nos indica que \(*dher-^{2}\) significaria “segurar”, suportar, e seria a base das palavras latinas de ferē (“perto”, “quase”, “próximo”, firmus (“firme”, “forte”) e frētus (“contando com”, “confiando em”).↩︎

  2. Essa teoria é tão antiga quanto pelo menos o estudo da língua grega feito por Janus Lascaris (~1445-1534 EC), vide Lamers (2019) pág. 40. Glare (1968) págs. 722-723, também indica que fōrma talvez tenha vindo da palavra grega μορφή (morfé). Essa etimologia também é dada em Beekes (2010) pág. 970, e mencionada em Capurro (2022) pág. 46 nota 49. A passagem do grego para o latim teria ocorrido por uma mediação do etrusco (do grego para o etrusco, do etrusco para o latim). Outras referências aventam o termo indo-europeu reconstruído _*morma_ como uma tentativa de aliar morfé com fōrma: em Vaan (2008) págs. 233-234; no dicionário etimológico conhecido como “WH”, Walde e Hoffmann (1938) págs. 530-531.↩︎

  3. Walde e Hoffmann (1938) pág. 531. Referências sobre \(bher-^{3}\) em Pokorny (1959) págs. 133-134; e em ADSOQIATION (2007) págs. 412-413: “English meaning: to scrape, cut, etc. […] Lat. feriō , -īre “ to strike, knock, smite, hit; esp. to strike dead, slay, kill; colloq., to cheat “ (see also WH. 1481 to ferentürius “ a light-armed soldier, skirmisher “). About forma “ form, figure “ s. WH. I 530 f.”↩︎

  4. Esta conjectura também aponta para uma relação específica entre forma e beleza, e que parece ter aportado em algumas, senão muitas, filosofias nas quais as formas essenciais seriam necessariamente belas. Não haveria então lugar para formas que assim não fossem consideradas, já que o belo seria inseparável da forma, ou então o belo teria que ter sua forma específica, distinta de outras.↩︎

  5. Em Warmington (1936) págs. 112-113.↩︎

  6. Trecho também disponível em Seckel e Kübler (1908) pág. 2.↩︎

  7. Moldar, formō, Glare (1968) págs. 723-724.↩︎

  8. Calor, ou formus em latim29, pode ser relacionada ou ter vindo do grego θερμός (thermos) ou do sânscrito gharma.↩︎

  9. Forno, no latim furnus, Glare (1968) pág. 749; também fornax, Glare (1968) pág. 724. Em Kayachev (2020) págs. 121-122 há uma discussão relevante sobre a etimologia da palavra furnus: “The reliability of Donatus’ testimony might not be beyond doubt, but etymological considerations suggest that ‘heat, fire’ or ‘embers’ is indeed the original meaning of furnus. Latin furnus (fornus) derives from the widely attested Indo-European root \(*g^{wh}er-\) denoting warmth (\(*g^{wh}r-no-\)), or less likely \(*g^{wh}or-no-\)), and analogous formations in other Indo-European languages can mean ‘heat’, ‘fire’, or ‘embers’.[14] For instance, Sanskrit \(ghrṇá-\) (\(*g^{wh}r-no-\)) means ‘heat’ […] (*g wh rē-ns-o-). 17 All this would seem to suggest that the meaning ‘oven’ shared by Latin furnus and Slavic _*gъrnъ_ is the development of the more elementary concrete meaning ‘red-hot matter, burning coal’ (as distinct from ‘open fire, flame’?). Donatus’s testimony is therefore likely to reflect real linguistic facts, implying that furnus actually preserved the original meaning ‘heat, fire’, or even ‘embers’, alongside ‘oven’.[18] […] 18 We may compare the cognate adjective formus ‘warm, hot’, which likewise is only attested by ancient grammarians”.↩︎

  10. Fogueira, do latim focus, Glare (1968) pág. 718; Vaan (2008) págs. 228-229.↩︎

  11. Hesíodo (2009) versos 60-64 págs. 26-27.↩︎

  12. Como explica Warmington (1936) págs. 112-113: Acrisius, King of Argos, in fear of an oracle which declared that the son of his daughter Danae would slay his grandfather, imprisoned Danae in a dungeon underground or in a brazen tower. In spite of careful watch kept by Acrisius, Danae was visited by Jupiter (or, according to one version, Proteus her uncle) in the form of a shower of gold, and gave birth to Perseus.↩︎

  13. A definição de “conceito” e sua distinção da noção de “palavra” é dada no capítulo “(In)definições” do volume sobre metodologia, Rhatto (2025b).↩︎

  14. Capurro (2022) págs. 46-47.↩︎

  15. Peço desculpas de antemão por citar excessivamente Capurro (2022), mas minha priorização atual me impede agora de resumir os trechos ou descrevê-los com minhas próprias palavras, o que posso fazer assim que for favorável. De todo modo, que seja uma maneira de valorizar o importante trabalho de Rafael Capurro.↩︎

  16. Capurro (2022) págs. 47-48.↩︎

  17. Capurro (2022) págs. 48-49.↩︎

  18. Capurro (2022) pág. 50.↩︎

  19. Capurro (2022) pág. 50.↩︎

  20. Capurro (2022) pág. 51.↩︎

  21. Capurro (2022) págs. 51-54.↩︎

  22. Capurro (2022) págs. 54-58.↩︎

  23. Segundo Capurro (2022) pág. 51.↩︎

  24. Capurro (2022) págs. 56-59.↩︎

  25. Capurro (2022) págs. 59-63.↩︎

  26. Capurro (2022) págs. 63-64.↩︎

  27. infōrmo (verbo): ref. TLL (2019b) pág. 1477. Seria, segundo Glare (1968) pág. 903, sobre “dar forma”: “To form in the mind (ideas, esp. rough ones)” vulgo “fazer a cabeça”; “To mould (a person, his mind) by instruction”.↩︎

  28. infōrmātio (substantivo): ref. TLL (2019b) pág. 1473; formação (de uma ideia), concepção”, Glare (1968) pág. 903.↩︎

  29. informis: Glare (1968) pág. 903.↩︎

  30. Capurro (2022) pág. 76.↩︎

  31. Exposição de Capurro (2022) pág. 67; também bem resumidos nas tabelas: “Origen etimológico e histórico de los conceptos griegos que fueron traducidos con informatio / informo en latín” de Capurro (2022) pág. 69.↩︎

  32. ὑποτύπωσις (hypotyposis)Capurro (2022) págs. 67-68 – deriva de τύπος (typos): ὑποτύπωσις (hypotyposis) es usado […] en sentido pedagógico o ético] […] τύπος (typos) tiene el significado de ejemplo en sentido pedagógico, lo que muestra la relación etimológica e histórica entre el origen griego y el concepto de información […] el sustantivo ὑποτύπωσις (hypotyposis) no aparece ni en Platón ni en Aristóteles pero sí el verbo ὑποτυπόω (hypotypoo), que Platón usa en sentido organológico (formación de las uñas) y Aristóteles en el sentido de esbozo verbal. En ambos sentidos se usa también el concepto de información en latín […] El verbo ὑποτυπόω (hypotypoo) se deriva también de τύπος (typos) y es usado tanto en sentido artificial de grabar como en sentido pedagógico de imprimir una enseñanza en el alma.↩︎

  33. ἐντυποῦν (entypoun)Capurro (2022) págs. 67-68 – também deriva de τύπος (typos): Archelaus (siglo V d. C.) traduce ἐντυποῦν (entypoun) como informo en el sentido de grabar letras en la piedra, y Rufinus (345-410 d. C.) usa informo, como ya indicamos, para traducir el término término ἐντυποῦται ταῖς ψυχαῖς (entypoutai tais psychais), en sentido de imprimir o in-formar una doctrina en la mente.↩︎

  34. διάταξιν (diataxin)Capurro (2022) pág. 68: Chalcidius (siglo IV-V d. C.) traduce el concepto platónico de διάταξιν (diataxin) (Tim. 42e), es decir, ordenamiento u orden, como informatio. El término διάταξιν (diataxin) se refiere también a la ordenación de tropas militares y de los elementos en el universo. Estos momentos de ordenar, formar y presentar, que son propios tanto de διάταξιν (diataxin) como de τύπος (typos), aparecen también en los sentidos artificiales y pedagógicos del concepto de información.↩︎

  35. χαρακτηρισµός (charakterismos)Capurro (2022) pág. 68: la descripción del comportamiento de una persona, que se designa con el término χαρακτηρισµός (charakterismos), el cual fue traducido mediante informatio. En este contexto hay que recordar que el concepto de forma también se usa como traducción de χαρακτήρ (charakter) (forma de ser).↩︎

  36. μανθάνω (manthano) e πείθω (peitho)Capurro (2022) pág. 68: varios conceptos pedagógicos y retóricos fueron traducidos por medio de informatio / informo. Así, por ejemplo, Dionysios Exiguus (ca. 500-545 d. C.) traduce μανθάνω (manthano) (aprender) y πείθω (peitho) (persuadir) mediante informo.↩︎

  37. πρόληψις (prolepsis)Capurro (2022) pág. 69: Con respecto al concepto de πρόληψις (prolepsis), se trata de un concepto fundamental de la epistemología de Epicuro (341-270 d. C.) y denota las representaciones de las formas externas μορφή (morfé) de los objetos. Cicerón (106-43 a. C.) traduce πρόληψις (prolepsis) como informatio, pero informatio tiene también el sentido de conocimiento de la esencia (εἶδος, eidos, ἰδέα, idea) de los objetos representados.↩︎

  38. Capurro (2022) pág. 75-81↩︎

  39. Capurro (2022) pág. 98.↩︎

  40. Capurro (2022) pág. 75; enunciação similar também em Capurro (2022) págs. 81-82.↩︎

  41. Polt (2015) pág. 186↩︎

  42. Capurro (2022) págs. 70-73.↩︎

  43. Vale indicar uma ambiguidade em toda essa conceituação originária de forma, que pode tanto indicar forma aparente como essência.↩︎

  44. Teorias sobre formas podem ser construídas de muitas maneira. Aqui, um breve caminho argumentativo, dentre muitos, para construir algumas delas: Partimos constatando a semelhança entre as coisas, e afirmamos em seguida que, havendo semelhança, há algo em comum. Mas esse comum estaria onde? Nas coisas mesmo? Na nossa cabeça? Em nenhum lugar? Numa existência à parte deste mundo? Dependendo de como respondemos essas perguntas, desaguaremos em diferentes teorias possíveis do comum, cada uma com suas particularidades e complicações. Este comum entre as coisas pode ser chamado de forma. Haveria algo em comum entre todas as teorias das formas, ou seja, haveria uma forma das formas?↩︎

  45. Um exemplo destas teorias está no texto Timeu, em Platão e Gregory (2009).↩︎

  46. Peters (1988) págs. 10-11.↩︎

  47. Capurro (2022) pág. 33.↩︎