16 Infoluição
16.1 Infolixo
Computador como uma máquina de distrações.
“Data smog”.
“Digital technology and social change: the digital transformation of society from a historical perspective”, Hilbert (2020), incluindo:
- Discussão e gráfico sobre ciclos de Kondratieef e Schumpeter,
Hilbert (2020) págs. 189-190:
- Três “estágios” de “transformação”:
Transformação de matéria.
Transformação de energia.
Transformação de informação.
- Criticamente, podemos descontruir em:
Três estágios onde o conceito abstrato de “transformação” é aplicada a outras três abstrações cada vez mais abstratas: matéria, energia e informação.
Esse ciclos são intensificantes: o aparente progresso implica num aumento cada vez maior da produção de restos, de rejeitos, de lixo: desde os achados arqueológicos (“lixo ancestral”, que hoje nos é paradoxalmente muito valioso, dada sua escassez) em menor número até as crescentes pilhas de lixo dos ciclos subsequentes, incluindo o lixo informacional “desmaterializado”.
- Versão do gráfico de Hilbert (2020) pág. 190 disponível para reutilização: https://en.wikipedia.org/wiki/File:LongWavesThreeParadigms.jpg
- Três “estágios” de “transformação”:
- Discussão e gráfico sobre ciclos de Kondratieef e Schumpeter,
Hilbert (2020) págs. 189-190:
Internet of Bodies:
- Wearables:
- “Alucinatron”: sonho de muitas empresas de entregar e extrair muitos Gbps direto nos nervos das pessoas.
- Wearables:
Greenwashing:
Limites intrínsecos do “aprendizado de máquina”, Thompson et al. (2021) e Thompson et al. (2022), via Pasquinelli (2023) pág. 224.
Sustentabilidade das “IAs” só seria possível de acordo com relatórios encomendados pelos próprios poluidores beneficiários na área, interessados em “passar um pano” pra isso: https://jornal.usp.br/atualidades/inteligencia-artificial-pode-ser-importante-para-a-promocao-da-sustentabilidade/ https://www.theregister.com/2024/05/16/microsoft_co2_emissions/ Já consideram que impulsionar “IA” é mais importante do que reduzir emissões, aí jogam a solução do problema para o futuro e como promessa da própria tecnologia que polui como solucionadora.
Para Uma Teoria Geral da Poluição:
“Sick Planet”, Debord (2008).
A poluição opera contra corpos, entendamos corporalidade como quisermos: sejam corpos móveis (gentes), fixos (plantas, territórios), corpos d’água etc… ou enquanto “sistemas” (definição de sistema num outro trabalho).
Capacidade de carga e choque: excesso de informação como uma poluição que entope a capacidade de processamento de um corpo. Conceito de “Capacidade” em definição noutro lugar.
Sobrecarga: esgotamento da capacidade de carga.
Para Uma Teoria Geral do Lixo:
Para conhecer uma sociedade podemos analisar sua “cadeia de valor”, que podemos chamar também de “cadeia produtiva”, ou melhor até de fluxos de circulação. Seja na produção industrial valorizada, seja na produção de restos, de descarte. Quando só temos as sobras de sociedades passadas, a arqueologia é um único resgate possível.
O efeito finalista de qualquer sociedade do desperdício é a pilha de lixo. Não é o “objetivo” final da sociedade, mas o efeito final. Toda fábrica é uma fábrica de lixo no fim das contas. Se a teleologia desta sociedade equivalesse ao seus efeitos finais, então elas seriam basicamente uma fábrica de lixo sem propósito adicional.
Excesso num mar de lixo informacional. Baixo custo para o envio de mensagens. A queda de custos de tecnologia implica num aumento do lixo produzido por essa mesma tecnologia.
Assimetria intensa entre quantidade de conteúdos e viabilidade de verificação: a possibilidade de geração cada vez maior de conteúdo inunda o mundo com “informação”. No entanto, a checagem de “factualidade” de cada conteúdo permanece um trabalho manual e penoso. Decorre uma sensação de derrota frente à maquinaria informacional, que pende a balança para o lado da desinformação, da perda de noção do que seria “real”.
“A geology of media”, Parikka (2015).
“Doppelganger: A Trip into the Mirror World”, Klein (2023).
“Data Trash: The Theory of the Virtual Class”, Kroker e Weinstein (1994).
Pela lógica de toda esssa extração, surge um reservatório não-renovável de inteligência, de onde se extrai conteúdo e se despeja rejeitos:
- Exemplo da “Internet” dos anos 2000 a 2025, em duas etapas:
Na primeira, alimentação da rede de conteúdo produzido por “usuários” (crowdsourcing) na produção de grandes bancos de dados (paradigma: mineração de dados filtrando o “ruído).
Na segunda, extração de todo esse conteúdo e produção de conteúdo reciclado/genérico devolvido à rede em forma de poluição (paradigma: grandes modelos de “IA” filtrando e produzindo mais poluição).
- O reservatório não precisa ser necessariamente não-renovável, mas o uso predatório assim o torna.
- Exemplo da “Internet” dos anos 2000 a 2025, em duas etapas:
Taxas de retorno decrescentes apesar da informação gerada crescente, até a exaustão.
As formas-colônias são muitas, e variam ao longo do tempo apesar de conterem algumas características invariantes.
Dados:
Tabela de extração mineral. Onde está a datasfera?
Emissões globais de gases estufa por atividade. Onde está a datasfera?
Exemplos de consumo energético de alguns equipamentos de um dado ano.
“United States Data Center Energy Usage Report”, Shehabi et al. (2016).
Estimativas da McKinsey sobre lançamentos de satélites: https://www.mckinsey.com/industries/aerospace-and-defense/our-insights/space-launch-are-we-heading-for-oversupply-or-a-shortfall
“The world’s data explained: how much we’re producing and where it’s all stored”, Vopson (2021).
Informação e vício. Viciados em informação. Informática ou infomania.
“Signal Traffic: Critical Studies of Media Infrastructures”, Lisa Parks (2015).
Internet, IoT, IoS (Surveillance, Shit).
Estudos da ORSAA sobre poluição eletromagnética:
“Information Integrity on Digital Platforms”, Unidas (2023) (comparilhado pela Alana).
“United Nations Global Principles For Information Integrity Recommendations for Multi-stakeholder Action”, Unidas (sd) (compartilhado pela Alana).
“2024 United States Data Center Energy Usage Report”, Shehabi et al. (2024).
O caso do Centro de Mídia Independente - Brasil (CMI Brasil), orientado à publicação aberta (sem moderação prévia) e foi inundado de lixo de extrema direita.
16.2 Plastificação
Criar nova sub-seção “Plastificação”? Ou incorporar os pontos a seguir na seção “Infoluição”.
Plastificação:
“Plástico” refere-se originalmente à plasticidade de um material, no sentido de quão é fácil ou difícil da forma a um material. Seria o quanto um material oferece resistência a uma ação formadora. Materiais mais resistentes necessitam de ações mais intensas para serem moldados. Plástico adjetivo.
“Plástico” acabou virando um substantivo para uma classe de materiais extraídos do petróleo cuja resistência a processos de formação é muito baixa.
Por seu relativo baixo custo e facilidade de manipulação, o material substantivado como “plástico” tomou lugar de praticamente todos os materiais na produção de utensílios, peças, bugigangas e quinquilharias.
Trecho de Liboiron (2021) sobre a imposição do plástico10:
In 1956, Lloyd Stouffer, the editor of the US magazine Modern Packaging, addressed attendees at the Society of the Plastics Industry meeting in New York City: “The future of plastics is in the trash can. . . . It [is] time for the plastics industry to stop thinking about ‘reuse’ packages and concentrate on single use. For the package that is used once and thrown away, like a tin can or a paper carton, represents not a one-shot market for a few thousand units, but an everyday recurring market measured by the billions of units.”1 Stouffer was speaking at a time when reuse, making do, and thrift were key practices reinforced by two US wars.
Consumer markets were saturating. Disposability was one tactic within a suite of efforts to move goods through, rather than merely into, consumer households.2 Today, packaging is the single largest category of plastic production, ac counting for nearly 40 percent of plastic production in Europe3 and 33 percent in Canada.4 The next largest categories are building and construction, at just over 20 percent, and automotive at 8 percent.5 Stouffer’s desire looks like prophecy. (Spoiler: It isn’t. It’s colonialism […])
Para a indústria, o custo do ciclo de produção é incrivelmente mais barato que o da reutilização ou o da reciclagem, sendo mais vantajoso no capitalismo simplesmente descartar todo o plástico não mais utilizado. Transformá-lo em lixo.
Plastico virou prástico, rotacismo11 linguístico que usaremos para indicar o uso desmesurado e irresponsável desse material.
Poderíamos usar outros termos, como plânstico etc.
Não vamos adentrar no mar de lixo prástico neste momento. Estamos mais traçando um paralelo entre forma, plasticidade, poluição… e informação.
A “informação” de hoje é o equivalente ao prástico. Incrivelmente mais barata de produzir do que desproduzir. Produzida sem muito critério, sem considerações ambientais etc.
O resumo: (in)formação virou poluição!
Não ia dar em outra: um monte de forma sendo realizada e em seguida descartada!
Plásticos duram uns 200 anos apenas, muito menos que uma era geológica. Mesmo assim, estão moldando, remodelando este mundo de modo absurdo!
Não ia dar outra… tantas coisas em tamanha quantidade. As indústrias produzem, isto é, concretizam mais formas, do que o necessário. A plástica e a informática são os atuais pináculos deste processo.
“The accumulation of waste: a political economy of systemic destruction”,
Kadri (2023).