21 Desenformação
Informação, privacidade e poder:
Informação e poder:
- Informação é mesmo poder? Talvez sim, mas não exatamente como é usualmente
considerado:
Por exemplo tal como afirmado por Chico Whitaker em Ochigame (2025) pág.
Relação com a seção “Poderologia” do texto Rhatto e Saravá (2024).
Tal como uma espécie de conhecimento tático, e consequente de noções sobre o próprio conhecimento, “informação” correta sobre o mundo permite uma melhor incidência sobre ele, isto é, boa informação é parte da condição de um bom exercimento do poder.
Analogamente, acesso à boa informação é sinal de poder.
Por outro lado, má informação leva ao engano e à má ação: retira poder.
Da lógica de Estado para a lógica empresarial para a lógica individual.
Informação pertinente etc como requisito para exercer o poder.
- Informação é mesmo poder? Talvez sim, mas não exatamente como é usualmente
considerado:
“Dataclysm: who we are (when we think no one’s looking)”, Rudder (2014).
“Privacy is power: why and how you should take back control of your data”,
Véliz (2020).
“Privacidade é poder: por que e como você deveria retomar o controle de seus dados”, Véliz (2021).
“The Ethics of Privacy and Surveillance”, Véliz (2024).
Informação e ordem em Deleuze (1992) págs. 55-56, e que dialoga com a discussão recente do volume Rhatto (sd), sobre ordem e comando:
E depois vem a segunda idéia, que diz respeito à informação. Pois, também nesse caso a linguagem nos é apresentada como essencialmente informativa, e a informação, essencialmente como uma troca. Aqui também se mede a informação através de unidades abstratas. Ora, é improvável que a professora, quando explica uma operação ou ensina a ortografia na escola, esteja transmitindo informações. Ela manda, dá palavras de ordem. E fornece-se sintaxe às crianças assim como se dá ferramentas aos operários, a fim de que produzam enunciados conformes às significações dominantes. É bem literalmente que é preciso compreender a fórmula de Godard: as crianças são prisioneiros políticos. A linguagem é um sistema de comando, não um meio de informação. Na TV: “Agora vamos nos divertir…, e logo mais as notícias…”. Na verdade, seria preciso inverter o esquema da informática. A informática supõe uma informação teórica máxima; no outro pólo, coloca o puro ruído, a interferência; e, entre os dois, a redundância, que diminui a informação mas lhe permite vencer o ruído. É o contrário: no alto, seria preciso colocar a redundância como transmissão e repetição das ordens ou comandos; embaixo, a informação como sendo sempre o mínimo exigido para a boa recepção das ordens; e mais embaixo ainda? Pois bem, haveria algo como o silêncio, ou como a gagueira, ou como o grito, algo que escorreria sob as redundâncias e as informações, que escorraçaria a linguagem, e que apesar disso seria ouvido. Falar, mesmo quando se fala de si, é sempre tomar o lugar de alguém, no lugar de quem se pretende falar e a quem se recusa o direito de falar. […] Uma imagem se faz representar por um som, como um operário por seu sindicalista. Um som toma o poder sobre uma série de imagens. Então, como chegar a falar sem dar ordens, sem pretender representar algo ou alguém, como conseguir fazer falar aqueles que não têm esse direito, e devolver aos sons seu valor de luta contra o poder? Sem dúvida é isso, estar na própria língua como um estrangeiro, traçar para a linguagem uma espécie de linha de fuga.
Crença que aplicar muita computação numa enorme massa de dados permitiria extrair conhecimento escondido. Ao contrário, precisamos de conhecimento novo que ainda não está em nenhum conjunto de dados. Conhecimento sobre como podemos nos organizar coletivamente em escala planetária sem a opressão desses sistemas atualmente instituídos.
Dependendo de como problematizarmos, cairemos nas tais “escolhas infernais” (exemplo: pensar em “IA” decolonial versus rechaçar completamente a tecnologia). Vale reformular, ou quebraremos nossos dentes durante os pesadelos intercalados pela insônia. É importante pensar criticamente sobre toda essa tranqueira. Com isso dá pra calibrar melhor os raciocínios e não cair totalmente em mais um sequestro de pauta. Não dá pra fugir do debate sobre “IA” – até porque somos cobaias involuntárias desse experimento traiçoeiro. Mas também não dá pra ficar na paralisia ou só pensar nas margens de negociação. Para em seguida pensar nas alternativas.
Por uma outra informática.
Inteligência Distribuída versus “Inteligência Artificial”, Lévy (1996) pág.
Desconexão:
Reconexão:
Internet é o primeiro tambor (TC Silva).
“Critica de la comunicación”, Lucien (1995).
“We Need To Rewild The Internet”, Farrell e Berjon (2024b) e Farrell e Berjon (2024a).
Mencionar arranjos e redes alternativas de comunicação e organização.
Incorporar trechos da fala
~/file/textos/content/drafts/politics/bifurcacao.md?Coreografia, corpo e presença.
Improviso (sugestão da Alana).
Não podemos deixar que a escrita, a leitura, o desenho e outras performances sejam desvalorizadas e tornadas obsoletas. O exercício de composição e a contemplação apreciativa são atividades fundamentais para a inteligência coletiva.
O conceito de “Little Data”:
Acervos pessoais e coletivos dentro da escala humana.
Coletas comunitária de dados como autodefesa e melhora das condições de vida.
Alvíssaras:
“Ninguém ama o portador de más notícias”, atribuído a Sófocles em Brooks Jr. (2009) pág. 147. Na página anterior, escultura de Hércules matando o mensageiro Licas.
As “boas notícias” que são más. Exemplo na entrevista de Brenda Flores em Falleiros (2024): pessoas preferindo vídeos de perspectivas otimistas de uma realidade que é péssima.
Alvíssaras: no nosso uso, vai se referir não exatamente à boas notícias, mas notícias que vêm em boa hora.
Contra-informação:
- A palavra contra-informação passa a ter mais um significado:
Significado original: passar informação contraditória, seja para questionar uma narrativa majoritária, seja para confundir receptores. Esta seria a “contra-informação de primeiro nível”.
Novo significado: ser contra-informação enquanto um ato político de recusar as concepções majoritárias e unidimensionais do que é informação. Seria a “contra-informação de segundo nível”
Na contra-informação de primeiro nível o combate opera sempre no sentido de reforçar e piorar o “ambiente” informacional: não importa o que cada um dos lados de um conflito informacional faça, a informação enquanto poluição sempre ganha, com tanta bomba informacional e operações psicológicas.
Já a contra-informação de segundo-nível busca oásis de comunicação efetiva, recusando as infobolhas poluentes. São novos locais onde o público e o comum podem florescer.
- A palavra contra-informação passa a ter mais um significado:
Malatesta sobre controle e topologia informacional populares, evitando assim os serviços secretos15:
Precisamos estar relacionados com os camaradas das outras localidades, receber e dar notícias, mas não podemos todos nos correspondermos com todos os camaradas. Se estamos organizados, encarregamos alguns camaradas de manter a correspondência por nossa conta; trocamo-os se eles não nos satisfazem, e podemos estar informados sem depender da boa vontade de alguns para obter uma informação. Se, ao contrário, estamos desorganizados, haverá alguém que terá os meios e a vontade de corresponder; ele concentrará em suas mãos todos os contatos, comunicará as notícias como bem quiser, a quem quiser. E se tiver atividade e inteligência suficientes, conseguirá, sem nosso conhecimento, dar ao movimento a direção que quiser, sem que nos reste a nós, a massa do partido, nenhum meio de controle, sem que ninguém tenha o direito de se queixar, visto que este indivíduo age por sua conta, sem mandato de ninguém e sem ter que prestar contas a ninguém de sua conduta.
O sarau como compartilhamento de histórias, re-informação etc.
Fala da personagem Betânia, aos 01:52:45 do filme “Betânia” (2024):
Eu não sei se essa internet tem resposta pra tudo mesmo como vocês diz. A minha internet é a minha cabeça, e eu não tenho resposta pra tudo. Como é que pode uma duna mudar o curso de um rio? Como é que pode a natureza se impor com tanta força que deixa a gente pequenininho, miudinho, perdidinho de tudo[…]?
“Information Commons”, Klein (2025):
What I say in Doppelganger16 is that we need an information commons. The internet and social media have become our town square, but they are privatized town squares. Of course, the social media companies wanted to say, “We’re the town square and don’t worry, we’ll fact check, we’ll moderate, we’ll take care of it.” But that was just phase one. Now the mask is off and they’re saying, “Well, actually you’re a captive market and we’ll do whatever we want.” The outrageousness of there being three guys who control the information ecology, which should never have happened, is revealed for all the world to see as we watch Musk turn X or Twitter into a machine for electing Donald Trump, but also maybe the far right in Germany. He likes them. He doesn’t like the Germans regulating him. So he’s like, “Huh? Maybe we’ll just bring fascism back to Germany. Let’s see how that goes.”
Ciência da Informação Precária, ou Informática do Oprimido, tomando emprestado o título do livro de Ochigame (2025):
Histórias das Mídias Independentes.
Gráficas, desde Gutenberg.
Jornais dos movimentos.
Samizdat.
Fanzines.
Rádios Livres.
Bibliotecas Libertárias e Comunitárias.
Centros Sociais.
Saraus.
Mucuas e pontos de processamento e armazenamento de dados, vulgo data centers. Documentação da CanudOS.
Catálogos, guias e históricos dessas experiências.
Reflorescimento das pequenas editoras e pequenas edições.
De Aaron Swartz às Shadow Libraries.
Tempo e aceleração:
Festina lente, Maffei (2014a): tartaruga com implante ciborgue para acelerar diferenciadamente. Muitos seres humanos de hoje necessitando de implantes para desacelerar – como a lebre com carapaça de caramujo – ao passo que os sistemas computacionais estão fazendo exatamente o contrário.
Filme “In time” como alegoria do processo de corrida contra o tempo, e disponibilidade do tempo sem trabalho como privilégio; tempo de trabalho como um desprivilégio.
As pessoas são plenamente capazes de pensar por si próprias, mas o ruído informacional e a criação de pautas e consensos é tão forte que fica difícil enunciar um pensamento próprio.
Fundamental que existam alternativas para outros tipo de inclusão social e que sejam efetivamente inclusivos.
Ruído:
- Ruído e cancelamento.
Desconexão:
“Network”: “trabalho em rede”: conexão constante que não necessariamente significa valor gerado constantemente para quem trabalha, mas sim disponibilidade constante para alguém ser sujeitada à exploração.
A busca pelo privilégio da desconexão: poder escolher quando se desconectar.
Outro dia enviei uma mensagem para alguém, dizendo que iria “entrar offline aqui”, e notei o quanto houve uma inversão na situação, já que antigamente entrávamos online. Hoje precisamos “sair” do “on”.
Filme “Disconnect” (2012).
Documentário “Lo and Behold, Reveries of the Connected World” (2016).
Despoluição:
- Sugestão não muito rígida: princípio econômico de começar por despoluir aquilo que polui mais; e que seja mais fácil de despoluir.
“Ética Informacional” (Floridi); “justiça informacional”17.
Alternativas:
- Publicação sobre justiça ambiental (Mayfirst e Sursiendo, 2025).
“Informática do Oprimido”, Ochigame (2025):
- Pontos revolvidos a partir da leitura de Ochigame (2025):
Contribuições à guisa da Informática do Deprimido.
Ciência da Informação:
Índices são condensados que evidenciam alguns fatores em detrimento de outros. No caso das bibliotecas, avaliar sua eficácia de acordo com alguns fatores, e incidir nelas caso necessário. Índices não são apenas métricas de conhecimento, como principalmente métricas de gestão.
Conexão com o caso do Cybersyn, tratado em volume posterior: gestão de indústrias; bibliotecas não seriam também parte do parque industrial?
Enciclopédia Einaudi.
- Pontos revolvidos a partir da leitura de Ochigame (2025):